Diversos aspectos em relação às escolas públicas no/do campo têm problematizado o grupo de pesquisa e passaram a constituir o núcleo deste projeto, que tem como objeto central a formação continuada de professores, com vistas ao aprofundamento do conhecimento, a articulação de práticas e referências destas escolas, articuladas pela REFOCAR. Dentre eles destaca-se a realidade destas escolas, sobretudo no que tange à falta de organicidade com os espaços específicos deste segmento dos trabalhadores sejam eles MSP ou movimentos sindicais e suas organizações e a falta de vínculos com as comunidades de onde vem os estudantes. Por parte dos discentes uma apropriação do conhecimento sistematizado apenas formal e na lógica da devolução pelas avaliações. Acresce-se a alta rotatividade dos professores nas escolas e a falta de conhecimento sobre Educação Popular e Educação do Campo, em suas dimensões teórico-metodológicas e práticas.

Isso demonstra que nas regiões de agricultura familiar ou de predominância do agronegócio com assalariamento dos trabalhadores do campo, há grande quantidade de escolas públicas no/do campo sem apoio ou parcerias que efetivem vínculos e atenção às suas especificidades, o que as leva ao enfraquecimento, abandono e consequentemente ao fechamento. Acrescente-se ainda que parte dos estudantes que ali residem passam a estudar em escolas da cidade, também pela crença cultural – fortalecida pelo processo de nucleação – de que as escolas da cidade têm condições de produzir melhores resultados em relação ao conhecimento.

Na atualidade, tem-se uma forte articulação entre o Curso de Graduação em Pedagogia e a Pós-Graduação em Educação – Mestrado deste campus da Unioeste, em Francisco Beltrão. Dos trabalhos de Pesquisa do Mestrado que se realizam no âmbito do Grupo de Pesquisa GEFHEMP, mais de 80% têm vinculação direta com as escolas públicas no/do campo e seus processos de ensino e relações territoriais. Além disso, tem-se em torno de 20 estudantes do Curso de Pedagogia participando do Projeto de Extensão pelo processo Curricularização da Extensão.

Diante dos ataques e do desmonte da escola pública, entendemos que a organização de Grupos de Estudos tem uma importância fundamental, tanto no sentido de possibilitar o acesso e a socialização dos conhecimentos produzidos coletivamente e acumulados historicamente, como para contribuir com a compreensão da sociedade e do mundo existente e realizar uma prática transformadora. 

Entretanto, o argumento principal tem sido o de poder perceber-se juntos numa mesma luta. Em 2019, em reunião de síntese do Grupo de Estudos, uma educadora do município de Salto do Lontra, assim se expressou: “Uma vez, a gente fazia o trabalho nas escolas cada um do seu jeito, mas cada um ficava perdido, achando que era problema dele diante de tanta dificuldade que se tem nas escolas do campo. Agora, com este grupo de estudos, estamos todos juntos e se estamos juntos, podemos nos ajudar, um dando força para o outro... Isso é o mais importante, agora não estamos mais sozinhos, estamos juntos!” Reafirma-se que o espaço coletivo na formação, fortalece as escolas e os sujeitos que ali vivem e trabalham.