Histórico 2015-2024
No ano de 2015, inicia-se um processo por meio de um projeto de extensão com escolas públicas no/do campo da rede estadual de ensino da região Sudoeste do Paraná. Objetiva-se rearticular as escolas públicas no/do campo na perspectiva do Movimento Nacional da Educação do Campo, com base nas garantias legais da Educação do Campo e aprofundar o conhecimento dos professores em suas práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem.
A organização deste projeto de extensão da Refocar se dá em duas frentes: a rearticulação das escolas pelo acompanhamento e a formação continuada de professores que se desenvolve em três eixos:
1º) Rearticulação e fortalecimento das escolas;
2º) Acompanhamento pedagógico e organizativo às escolas, de forma direta e indireta;
3º) Formação continuada dos professores.
Tem-se como base as referências históricas da Educação Popular nos processos dos Movimentos Sociais Populares e suas organizações (1979-1997), especificamente, os que atuaram no espaço dos territórios rurais, do campo, das águas e das florestas. A partir delas, tem-se as referências produzidas no estado do Paraná (1998-2010), que vão sendo recriadas a partir das necessidades da realidade das escolas públicas no/do campo, a fim de que se produza conteúdo e forma à Modalidade da Educação do Campo, na perspectiva do Movimento Nacional da Educação do Campo.
Inicialmente, a formação continuada se deu num grupo permanente de estudos presenciais em uma escola central ou em outros espaços na cidade. Mais tarde, os encontros de formação passaram a ser fixos no campus da universidade. Nas duas formas de organizar a formação continuada, os professores tinham que se deslocar desde seus municípios para o município de Francisco Beltrão. As distâncias, as datas e dias da semana e a relação com as necessidades do trabalho dos professores, dificultava a participação dos professores. Acrescia-se a isso a forma de contratação dos professores, sem concurso público, apenas pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS), que lhes impunha um trabalho intensificado, em várias escolas e horários.
Mesmo com estes desafios, da parte dos professores, houve uma forte adesão ao processo de formação e ao acompanhamento junto às escolas que estava sendo realizado pelo Projeto de Extensão. Um ano de trabalho neste processo efetivava vínculos com as comunidades, com os colegas e com os estudantes. Contudo, perdiam-se a cada ano pela troca de escola em função da contratação. Deixar a escola e o processo construído, depois de um ano trabalhando nessa perspectiva, era motivo de grandes perdas, uma vez que, na escolha das escolas e aulas onde iriam trabalhar no ano seguinte, pelo PSS, poucos voltavam à mesma escola. Desse modo, estes vínculos eram rompidos e todo ano era preciso reaprender tudo em outra escola, o que em muitos casos, desestimulava e desinteressava o trabalho numa escola do campo.
A análise desses diversos elementos vivenciados nos anos de 2015 e 2016, levou a compreendê-los como contradições desse tempo histórico. As reflexões sobre como, a partir desta situação, seríamos capazes de superar estes limites e, baseados em outras referências já vivenciadas, fez com que, no ano de 2017, organizássemos o Projeto de Extensão na forma de uma Rede de Formação Continuada de Professores, com o propósito de manter articulados esses professores que passavam pela escola, por meio de um espaço de estudo e de reflexão sobre as práticas em curso nas escolas.
Criamos então, a REFOCAR – “Rede de Formação de Professores pelo Fortalecimento das Escolas Públicas do Campo: Caminhos de Conhecimento e Resistência” – com o objetivo de manter articulados os professores que passam todos os anos pelas escolas e, aqueles que a elas retornam, estudam, desenvolvem práticas, conhecem as comunidades, criam vínculos com os estudantes e famílias, de modo a manter este enraizamento que vai produzindo identidade aos professores e às escolas públicas no/do campo.
Neste contexto, a REFOCAR foi retratada por um símbolo no qual se misturam elementos da Educação do Campo e da especificidade desta organização, que se produziu entre contradições e mediações do trabalho inicial (2015-2017), com seis escolas públicas no/do campo e ainda em curso na região sudoeste. No símbolo, as mãos entrelaçadas simbolizam a diversidade que se une a um girassol, formando uma rede. Do miolo do girassol, feito de terra fecunda, brota um livro e, nele, a sigla REFOCAR. Estes elementos abrigam-se numa escola estilizada na cor vermelha, demarcando a luta pelo não-fechamento e pelo fortalecimento destas escolas públicas no/do campo, que toma como base a perspectiva do direito à educação que se promulga nos diversos dispositivos legais que lhe dão respaldo.
Fonte: Arquivos do GEFHEMP – 2017
No ano de 2018, tomando-se como referência outros grupos de estudos online, organizou-se esta forma online para os grupos de estudos da REFOCAR. Compreendíamos que assim, se facilitaria a organização de mais grupos e com maior proximidade territorial em escolas ou nos próprios municípios onde os professores viviam e/ou trabalhavam.
Em 2019, isso se efetiva e, a partir deste espaço, passamos a ter diversos grupos de estudos em escolas no/do campo da região Sudoeste do Paraná, ampliando significativamente a participação, em relação à forma anterior.
Com a pandemia, nos anos de 2020 e 2021 os encontros de formação se davam de forma online ou presencial (conforme as normas de segurança) nas escolas ou entre elas. Contudo, para fortalecer o processo passamos reunir todos os grupos de estudo, de forma online, quinzenalmente, como uma maneira de nos mantermos próximos e refletindo naquele momento tão duro e devastador, que estávamos vivendo. Além disso, ampliamos a dimensão qualitativa da formação por meio de novos grupos e temáticas de estudo, passamos a utilizar roteiros de estudos que eram respondidos individualmente e, depois, no grupo, se dialogava sobre as posições dos professores, que eram também, sistematizadas.