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Pesquisa analisa percepção infantil sobre enchentes e inundações

A Unioeste, em parceria com Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres – CEPED/PR e a SANEPAR, está finalizando o projeto de pesquisa “Mãe, posso brincar lá fora? Análise da percepção infantil sobre os riscos relacionados às enchentes e inundações”. A pesquisa, que tem como coordenadora a pós doutora em Psicologia e professora no Campus de Cascavel, Eveline Favero, é diretamente vinculado a Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Instituição. 

O projeto tem o propósito de analisar a percepção de crianças com idade entre 6 a 11 anos sobre os riscos implicados nos desastres relacionados às fortes chuvas, como enchentes e inundações. A coleta de dados foi realizada com 127 crianças da Escola Luiz Vianey Pereira de Cascavel e 173 crianças da Escola Madre Boaventura de Francisco Beltrão.

Segundo Eveline, a pesquisa comparou como as crianças de diferentes faixas etárias percebem os riscos implicados nos desastres relacionados às fortes chuvas, analisou se existem diferenças por sexo na percepção dos diferentes riscos estudados, compreendeu como as crianças percebem os riscos relacionados às enchentes e inundações, considerando a realidade brasileira em que a ocorrência de enchentes, inundações e alagamentos é bastante alta.

Esses dois municípios foram selecionados a partir de indicações da Defesa Civil. A cidade de Cascavel que tem baixa incidência, enquanto Francisco Beltrão, onde passa pela cidade o rio Marrecas, com alta incidência de inundações.

Em conformidade com o site do SISDC, Sistema Informatizado de Defesa Civil, nos últimos 5 anos Beltrão totalizou 18 ocorrências de inundações/deslizamento/enxurradas, consequentemente 13.881 pessoas foram afetadas. Já em Cascavel, no mesmo período, foram 8 ocorrências totalizando 117 pessoas afetadas. 

Pesquisa

Conforme a coordenadora do projeto, o estudo utilizou como instrumentos de pesquisa, a técnica de grupo focal tendo como tema gerador desenhos de crianças realizando atividades em situações de inundações (elaborados para o estudo) e um questionário com perguntas também relacionadas às ilustrações.  Dentre os riscos que os desenhos abordavam estão: contaminação por patógenos, afogamento, traumatismos e ferimentos, ficar preso em cercas, choque elétrico e cair em buracos. 

O estudo constatou que as crianças menores (1° e 2° anos) apresentaram menor percepção de risco em relação aos perigos presentes nas inundações, embora, nessa faixa etária o medo esteja presente. Já as crianças maiores (3°, 4°, e 5° anos) apresentaram maior percepção de risco, fator que não as impede de terem comportamentos "arriscados", especialmente, na companhia de outras crianças. Nesse sentido, os resultados apontaram que "as crianças do 1º e do 2º ano fantasiavam a realidade, levantando hipóteses sobre acidentes, alguns impossíveis de acontecerem. Os alunos do 3º. ao 5º. ano utilizavam respostas diretas sobre riscos reais". 

De acordo com a coordenadora do projeto, os resultados apontaram que “Não existe diferença significativa na percepção de risco entre meninos e meninas na média geral. No entanto, as meninas do 3º. ao 5º. ano apresentaram maior preocupação em relação à prevenção de acidentes, quando comparadas aos meninos. Por sua vez, os últimos apresentaram maior empatia em relação às crianças em situação de risco. As crianças de Francisco Beltrão já vivenciaram situações de inundações, diferente daquelas de Cascavel, tendo uma visão local do problema. As crianças de Cascavel, em comparação com as de Francisco Beltrão, avaliaram os problemas ambientais como de maior gravidade, bem como a ocorrência de riscos em situações de inundação.

Considerando os dados do estudo, é possível concluir que “assim como são trabalhados conteúdos como trânsito, dengue, violência, brigadas de incêndio e entre outros temas geradores, é necessário trazer o risco ambiental relacionado aos desastres ambientais como assunto e até mesmo como componente curricular para as crianças. Nossos alunos precisam ter conhecimento dos riscos a que estão expostos e sobre como agir para se protegerem caso estejam em perigo. Do mesmo modo, para que as políticas públicas cumpram o seu papel, precisam estar alinhadas com a forma como as crianças percebem e se relacionam com o ambiente onde vivem”, afirma Eveline.

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