Quanto tempo cabe na saudade? Tempo esse medido em minutos, dias, anos. Oitenta e um segundos foi o intervalo entre a pane e a queda. Desespero, dor, saudade. Hoje, um ano depois, o tempo parece passar mais devagar. A vida retomou seu rumo: os corredores continuam frios, mas com movimento; turmas se formaram, novos alunos ingressaram, e no Hospital Universitário o dia a dia segue o fluxo de pacientes. Ainda assim, permanece viva a história e o legado daqueles que, no dia 9 de agosto de 2024, embarcaram juntos no voo 2283 da Voepass, presente aqui e em todos nós.
Era um daqueles voos em que, após a decolagem, o mundo externo fica para trás: não há sinal de celular, nem entretenimento a bordo. Restam apenas as nuvens pela janela, uma música, um livro, e mais de uma hora de desconexão. Um voo curto, daqueles chamados “de interior”, que, segundo as investigações, pode ter sido marcado pela negligência da companhia aérea. Faltam respostas, e cada dia sem elas pesa ainda mais.
A dor que fica é sobre o legado: o que poderiam ter feito, quanta história ainda poderia ter sido escrita. Desde que apuramos os fatos, aquele dia 9 permanece vivo em nossa memória, como um dia que parecia não terminar. A todo momento, um novo nome surgia, alguém ligado à Unioeste estava naquele avião. Fomos confirmando, um a um, e, no total, nove pessoas tinham, em seu DNA, o orgulho de ser Unioeste.
Somos gratos pelo tempo que passamos juntos, pelos corredores e salas que dividimos, por tudo o que ensinaram e viveram. Somos Universidade porque somos feitos de pessoas que escrevem histórias, e isso está registrado aqui. Aos nove que perdemos, aos 62 que seguiram naquele voo para a eternidade, ficam a nossa saudade, o respeito e a certeza de que nunca serão esquecidos. Nunca foi um adeus, e sim um até logo.
- Edilson Hobold – Professor do curso de Educação Física do campus de Marechal Cândido Rondon. Mestre e doutor em Educação Física, foi diretor do Centro de Ciências Humanas, Educação e Letras, árbitro internacional de judô e um profissional admirado pela excelência no esporte e pela dedicação à formação humana.
- Deonir Secco – Professor de Engenharia Agrícola no campus de Cascavel. Doutor em Agronomia, idealizador e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Energia na Agricultura, líder do LAFIS e do grupo de pesquisa sobre manejo sustentável de solos.
- Raquel Ribeiro Moreira – Egressa e professora da Unioeste, doutora em Letras, apaixonada pela análise de discurso e pelo trabalho com adolescentes em situação de risco social. Formada em Letras no campus de Cascavel em 1999, inspirou gerações com seu olhar humano e crítico.
- José Roberto Leonel Ferreira – Médico radiologista, professor e pesquisador. Atuou no HUOP desde 2000 e dedicou sua carreira a cuidar e ensinar. Mesmo aposentado há três meses, seguia ativo na medicina e na pesquisa.
- Sarah Sella Langer – Médica pediatra do HUOP e pesquisadora dedicada à imunoterapia e à genética da dermatite atópica. Graduada em Medicina pela Unioeste em 2012, deixou um exemplo de dedicação e cuidado às crianças.
- Mariana Comiran Belim – Médica intensivista na UTI Adulta do HUOP, formada pela Unioeste em 2019. Jovem e promissora, seguia sua formação em Oncologia Clínica, levando esperança a pacientes e famílias.
- Ana Caroline Redivo – Administradora formada pela Unioeste em 2014, atuava no tratamento nutricional avançado, levando saúde e qualidade de vida a tantas pessoas.
- Gracinda Marina Castelo da Silva – Engenheira química formada em 2001 pela Unioeste de Toledo, docente associada na UTFPR, exemplo de excelência acadêmica e inspiração para estudantes da área.
- Hadassa Maria da Silva – Estudou Ciências Contábeis no campus de Cascavel. Trabalhava há sete anos como consultora tributária em uma firma de gestão empresarial de Cascavel e cursava pós-graduação em Direito Tributário na Fundação Getulio Vargas.
Por Victor Hugo Junior