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Tecnologia: HUOP realiza primeira cirurgia craniana com molde criado em impressora 3D

A viabilização desse projeto foi possível graças ao apoio do estudante de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

 

 

O Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) alcançou mais um marco importante ao realizar a sua primeira cirurgia craniana com o auxílio de um molde produzido por uma impressora 3D, dentro do próprio hospital. A tecnologia, além de inovadora, mostrou-se essencial para agilizar e otimizar procedimentos que dependem de reconstrução óssea.

 

A cirurgia foi realizada na segunda-feira (14), em uma paciente de 12 anos que necessitava de uma reconstrução craniana. Pela primeira vez, o molde utilizado no procedimento foi desenvolvido internamente com impressão 3D, marcando um avanço significativo para o hospital.

A médica residente em neurocirurgia, Gabriela Cavalieri de Oliveira explica que, até então, esse tipo de molde era feito de forma artesanal.


“Temos no HUOP uma alta demanda de pacientes que passaram por craniectomia, que é a retirada de uma parte do osso do crânio. Na maioria dos casos, conseguimos guardar esse osso no corpo do próprio paciente, para reutilização posterior. Porém, em algumas situações, isso não é possível — e nesses casos, precisávamos modelar o enxerto manualmente. Sabíamos da possibilidade de usar tecnologia para produzir esses moldes, mas como cada caso é único, o custo era muito elevado e inviável para um hospital universitário.”

 

A viabilização desse projeto foi possível graças ao apoio do estudante de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Filipi da Silva Araújo. Foi ele quem cedeu a impressora 3D utilizada nos primeiros testes.

 

“Durante o ensino médio, desenvolvi habilidades em programação e eletrônica e construí minha própria impressora 3D como projeto pessoal. Já na graduação, conheci o professor Marcius Benigno, que procurava soluções inovadoras para desafios cirúrgicos. Ele propôs o uso da impressão 3D na reconstrução craniana, e aceitei o desafio. Usei softwares como 3D Slicer e Blender, e foram necessários meses de testes, ajustes e revisão bibliográfica para garantir a eficácia e segurança do processo. Trabalhei em colaboração com neurocirurgiões, residentes e especialistas, integrando conhecimentos de microbiologia, design, eletrônica e técnicas cirúrgicas.”

 

O molde craniano

 O processo começa com uma tomografia do paciente. Em seguida, a falha óssea é reconstruída digitalmente em 3D. A partir dessa modelagem, o molde é impresso e passa por uma série de testes até que se comprove a sua eficácia — respeitando sempre as particularidades de cada caso.

O neurocirurgião Marcius Benigno Marques dos Santos, coordenador do projeto, responsável pela primeira cirurgia realizada com o molde impresso, sublinha a importância da nova técnica.


“Quando o osso original não está disponível, as alternativas existentes, como o titânio moldado ou o PEEK, são extremamente dispendiosas. Aqui no HUOP, utilizamos cimento ósseo, um material confiável, mas que precisa ser moldado com precisão para proteger o cérebro e devolver dignidade ao paciente. O grande desafio era criar um molde de qualidade que fosse também acessível.”

Ele reforça ainda o impacto positivo que a produção interna tem para o hospital e para os pacientes.


“Com os moldes 3D produzidos aqui, conseguimos tirar pacientes da lista de espera por reconstrução craniana, melhorar a sua qualidade de vida e reduzir o estigma causado pelas deformidades. E tudo isso sem qualquer custo para o paciente, já que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e também sem encargos adicionais para a instituição.”

Um olhar para o futuro

O uso da tecnologia 3D oferece uma alternativa eficaz e de baixo custo: em média, cada molde custa menos de R$ 100 (variando conforme tamanho da prótese), referentes apenas ao filamento utilizado na impressão. A impressora atualmente utilizada foi cedida, mas há grande expectativa de que a própria Unioeste assuma essa produção futuramente, como já fez durante a pandemia com a confecção de equipamentos de proteção para profissionais da saúde.

A inovação não apenas coloca o HUOP na vanguarda de procedimentos cirúrgicos mais acessíveis, como reforça o valor das parcerias entre ciência, ensino e saúde pública.

 

Texto: Thiago Leandro

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