Painéis da Conferência Paranaense de Emergência Climática debatem mudanças no clima e impactos ambientais
Nesta terça-feira (03), a 1ª Conferência Paranaense de Emergência Climática, realizada em Foz do Iguaçu, trouxe discussões relevantes sobre os desafios impostos pelas mudanças climáticas no Paraná. Com programação diversificada, a manhã foi dedicada ao tema “Estado da Arte, Evidências no Paraná e Alertas", enquanto a tarde abordou os "Impactos na Biodiversidade e nas Bases Ecológicas do Território Paranaense”.
O evento, fruto das atividades do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) em Emergência Climática, com o apoio do Governo do Paraná, por meio das secretarias da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) e da Fundação Araucária é resultado do trabalho conjunto de pesquisadores de universidades de todo o estado. Entre os objetivos do NAPI está a proposição de estratégias que ajudem a mitigar e adaptar os impactos da emergência climática.
“A 1ª Conferência Paranaense de Emergência Climática é um marco, pois congrega esforços de pesquisadores de diversas universidades do Paraná. Hoje, podemos apresentar resultados consistentes sobre essa questão tão importante para a sociedade atualmente”, destacou Leila Limberger, professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e coordenadora institucional do NAPI.
Os painéis da manhã evidenciaram o impacto das mudanças climáticas no estado, com análises sobre o aumento de temperaturas médias e a intensificação de eventos extremos. Tércio Ambrizzi, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), apontou que, no Paraná, “as temperaturas estão subindo no geral, principalmente durante o inverno, que está mais quente e com menos chuva. Por outro lado, as chuvas têm se tornado mais intensas e volumosas, alterando o padrão climático do passado”.
À tarde, os debates destacaram os impactos ecológicos dessas mudanças, com reflexões sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos no Paraná. Pedro Ivo Mioni Camarinha, especialista em Geodinâmica e Geologia de Desastres do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ressaltou a gravidade da situação: “Os eventos extremos já estão acontecendo. Não estamos mais falando de um problema futuro, mas de uma emergência climática presente. Se nada for feito, os impactos serão ainda mais devastadores em breve”.
Outro destaque foi a importância da educação como ferramenta para conscientização e ação. João Paulo Schultz, doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), destacou como o evento contribui para seu projeto de pesquisa: “Trabalho com estratégias de ensino para professores de Geografia abordarem as mudanças climáticas. Este evento fornece subsídios valiosos para diversificar as metodologias e engajar os alunos nesse tema emergente”.
Com mais de 200 participantes presenciais e centenas acompanhando online, a conferência evidencia o interesse do crescente do Governo do Estado e da sociedade civil em entender e enfrentar os desafios climáticos. “O evento superou nossas expectativas, inicialmente planejado como um workshop. Transformou-se em uma conferência ampla, possibilitando um debate mais inclusivo e enriquecedor”, comemorou Wilson Flávio Feltrim Roseghini, coordenador do Laboratório de Climatologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador vinculado ao NAPI.
Fotos: Mohammad Ali Fayad