Unioeste realiza curso para professores com deficiência auditiva

O Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS – Cascavel) firmou com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Cascavel uma parceria para inclusão de deficientes auditivos em curso ofertado pela instituição. O Curso de Língua Portuguesa para Professores Surdos, sob a coordenação da professora Rosiene Queres de Aguiar Soares, e o Grupo de Estudos e Pesquisas PORLIBRAS, este coordenado pelo professor Doutor Jorge Bidarra, teve início em agosto de 2016 o primeiro e agora será aberto também para os alunos do CAS.

O objetivo do curso é estabelecer uma maior interação entre a Unioeste e o CAS, colaborar com o desenvolvimento das necessidades linguísticas de pessoas surdas, tanto no que concerne à interpretação, como também à escrita de textos em Língua Portuguesa, dos mais variados gêneros e temáticas. Desta forma, busca preparar esses professores para uma melhor interação, quer no convívio social e na prática profissional.

O curso tem como professores alunos de cursos de pós-graduação stricto sensu, orientados pelo Professor Doutor Jorge, dois deles (Leidiani da Silva Reis e Tania Aparecida Martins), no doutoramento e outros dois, em mestrado (Iara Mikal Holland Olizaroski e Valdenir S. Pinheiro), e, na função de intérpretes de Libras, as professoras do CAS, Josiani Israel Rosalen e Verônica Rosemary de Oliveira.

O professor Jorge Bidarra explica que por se tratar de uma experiência piloto, as inscrições ficam restritas aos professores surdos do próprio CAS. “O curso, na verdade, resulta das experiências adquiridas pelos membros do PORLIBRAS que, no transcorrer de suas reuniões de trabalhos, das quais tomavam parte como colaboradoras nas pesquisas as professoras surdas do CAS”.

Bidarra acrescenta que numa segunda edição o curso será aberto ao curso. “Com esse projeto, os professores surdos puderam perceber as dificuldades encontradas”, disse ele, mencionando a necessidade de os professores com deficiência auditiva fazerem leituras. “Dos textos circulantes que serviam de embasamento teórico para os debates que se seguiam” explica o professor Bidarra.

O coordenador explica, ainda, que o conteúdo tem enfoque não somente na gramática do Português, como normalmente acontece com cursos desta natureza, mas também em leituras e interpretações de textos curtos e objetivos, escritos em Língua Portuguesa. Assim, o curso abrange temas variados relacionados à vida cotidiana dos brasileiros, ouvintes ou surdos. “Com isto, o que se pretendia, de fato, era que as alunas pudessem se sentir não apenas estimuladas e motivadas com a leitura e interpretação, propriamente ditas, mas também animadas com a possibilidade de novas descobertas, fossem elas relacionadas a aspectos linguísticos, aos estudos investigativos que estamos conduzindo através das pesquisas realizadas e, de modo particular, a práxis com a língua portuguesa” explanou.

Módulos

A primeira edição de 30 horas, organizada em três módulos, foi concluída em 18 de novembro de 2016. Naquele momento, coordenadores, professores e alunas refletiram e avaliaram acertos e erros do projeto.

O que chamou atenção, observa Bidarra, foi a disposição, a satisfação e o enorme entusiasmo das alunas com relação ao curso, levando-as, inclusive, a reivindicarem um aumento significativo da carga horária de cada módulo, em relação ao proposto no projeto original. Este ano o curso entra em recesso e será retomado (em data a ser definida) no início do próximo ano.

A proposta é manter o formato da primeira edição. Os primeiros módulos abordarão ensino da gramática, leitura e discussão de textos. Já no módulo II haverá produção de textos, mas como nos módulos anteriores, haverá também leituras e interpretações de textos prévios. “A intenção com tal distribuição é que as alunas possam se sentir seguras e capazes de colocar no papel suas ideias e reflexões, expressas de tal maneira que sejam compreendidas primeiramente por elas e sua comunidade e, também, por leitores ouvintes, falantes nativos de Português” finaliza o professor.