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17 anos: luta, demissões e vitórias marcaram transição da Facibel na Unioeste

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Desde o início desta semana, que vem sendo realizada na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Francisco Beltrão, uma “Mostra de Ensino, Pesquisa e Extensão”, que tem por principal objetivo comemorar os 17 anos da Universidade.

Além de celebrar o aniversário da Instituição, também está sendo prestada uma homenagem a antiga Fundação Faculdade de Ciências Humanas de Francisco Beltrão (Facibel). Em 1991, por meio da Lei Estadual nº 12.235/98, foi autorizada a incorporação da Facibel à Unioeste e o Decreto Estadual 995/99 instituiu-se o Campus de Francisco Beltrão, deixando assim de ser uma faculdade municipal e se tornando uma instituição estadualizada.

As atividades da Mostra continuam, com feira de profissões, mesas redondas, palestras, festa junina, exposições, orientações e com atividades internas e externas para incorporar a comunidade acadêmica e a população de Francisco Beltrão.

Para a abertura do evento, realizado na segunda-feira (20), uma mesa redonda com os antigos diretores da Facibel e Unioeste, professores e pioneiros foi realizada. Ao todo foram oito, os diretores presentes no evento, e que compartilharam suas experiências a lembranças do processo de transição, até o momento.

O atual diretor do campus, Gilmar Ribeiro de Melo, que agradeceu a presença de todos, e explicou as atividades alusivas à data. Após a apresentação inicial, explicou a importância da realização do evento. “Esta é uma maneira de colocar a Unioeste, em especial a do campus de Francisco Beltrão em evidência, como modelo no ensino público da região sudoeste do Paraná”.

Ele lembrou que em 2001, a Unioeste não contava com grupos de pesquisa, apenas um doutor e 17 mestres, além de poucos cursos de graduação, diferente da atual Unioeste: rica em mestres e doutores, servidores, projetos de extensão, diversidade e potencial para evoluir muito mais. “Hoje contamos com mais de 160 docentes e 69 servidores preparados para atender a todas as necessidades de nossos acadêmicos, e nas mais variadas áreas. Além disso possuímos os cursos de pós-graduação, além de vários mestrados, e doutorado. Atendemos mais de 1358 alunos de graduação e 95 da pós-graduação. Também contamos com diversos projetos de pesquisa”.

Diretora da Facibel durante os anos de 1984-1986 e 1989/1992, Silvia Ana Kramer, lembrou dos seus 25 anos na Instituição. “Minha história em Francisco Beltrão inicia em 1974, quando me procuraram em Pelotas, para implantar o curso de Economia Doméstica, no município paranaense. Em 75 estava na cidade de mala e cuia. Os cursos da Facibel começaram apenas em 76, e foi quando assumi o curso”.

Silvia, ressaltou as dificuldades enfrentadas na época em busca de profissionalização, já que nem se pensava em mestrado e tiveram que ir atrás de seus sonhos. “Imagina vocês, eu sem experiência nenhuma, mas cheia de vontade de aprender. Realizei um sonho nesta Instituição. As dificuldades naquele tempo, eram grandes, muito grandes. Precisávamos nos aperfeiçoar, e todos os cursos que fazíamos eram tiradas do nosso bolso, pois na época, a Faculdade não auxiliava”.

O professor e ex-diretor da Facibel, Viro D Graauw, falou sobre o processo doloroso de transição entre as duas instituições, mas ressaltou que é gratificante ver o crescimento da Unioeste. “Em momento algum nos arrependemos de tudo que fizemos pela Instituição, e a alegria é grande, ao ver como a Universidade cresceu e melhorou. Só tenho a dizer parabéns, a todos que estão à frente desta Instituição”.

Com orgulho, o ex-diretor, salientou a importância de seu mandato (1993-1996), que auxiliou no processo de gratuidade da faculdade. “Estou orgulhoso de ter sido diretor desta Instituição, fui o primeiro diretor eleito por alunos e pais de Francisco Beltrão. É um fato marcante da época. Durante minha gestão, nós conseguimos uma verba do governo estadual, e tornamos a Facibel, uma faculdade tolamente gratuita. Foi uma vitória”.

Darci Bento, diretor da Facibel, durante os anos de 1997-1998, fez uma análise política do momento, já que esteve presente na transição. “Chegamos a tentar nos incorporar na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que na época não deu certo, mas incentivou a mudança para a atual Unioeste. Eu tive diversos empecilhos políticos, para ajudar a faculdade a crescer. Um deles eram os recursos, que vinham de fora e envolviam interesses e eram limitados. Chegamos a fazer rifas de carros para suprir as necessidades econômicas”.

O professor e ex-diretor Luiz João Geremia, 1998/1999, que vivenciou o dia a dia do processo de transformação da Faculdade municipal em uma Universidade Estadual. “Conheço muito bem a história da Facibel e Unioeste, cheguei aqui muito jovem. Comecei a trabalhar como contador, e lutei por essa Instituição, principalmente pelo fato de não ter dinheiro para mantê-la. Na sequência veio uma luta ainda maior, que era a de realizar o sonho de transformar a Facibel, na atual Unioeste”.

Segundo ele, a luta para levar a Unioeste para Francisco Beltrão foi grande, mas a vitória foi satisfatória. “Posso dizer com certeza que todos os diretores que passaram por aqui tinham dois principais objetivos, que era de trazer novos cursos para o município, e o de fazer a transição, para que a nossa faculdade tornasse uma Universidade Pública. Foram muitas idas e vindas para Cascavel, e com muita luta realizamos este sonho. E lembrando que na época, com a transição muitos, inclusive eu, foram demitidos, devido à falta de espaço para realizar novos concursos”.

Na ocasião os ex-diretores, agora da Unioeste, também fizeram uso da palavra, e compartilharam suas experiências à frente da Universidade. A primeira diretora da Unioeste, campus de Francisco Beltrão, Maria de Lourdes Bertani, no período de 12/06/2000 a 25/10/2000, conta que não foi fácil o processo de transição, principalmente pelo fato de que todos os funcionários estavam cientes, de que ao fim do processo, todos seriam demitidos. “Passamos todo o ano de 2000 fazendo a estadualização, fazendo a parte burocrática para que ocorresse a fusão. Estive a frente da coordenação deste trabalho, sempre em equipe. Passamos todo o ano trabalhando de forma intensa para que isso acontecesse e cientes de que em dezembro, todos nós seriamos exonerados, e perderíamos nossos empregos, já que não éramos servidores da Unioeste, e sim colaboradores da Facibel”.

A mudança da Facibel para a Unioeste não foi fácil, segundo o segundo diretor da Universidade Gerson Henrique da Silva (12/06/2001 – 21/04/2002), o processo foi difícil e demorado. “A mudança não foi fácil, foi um período complicado, extremamente conturbado. Nós tínhamos duas questões básicas para debater na época, que era a questão dos funcionários, já que estávamos com problema no concurso, e tive direito de escolher poucos para ficarem como cargos comissionados. No entanto, mais conseguimos manter alguns funcionários no quadro mais tarde”.

Como segunda questão, ele ressalta, que o processo de organização das finanças da Instituição também não foi fácil. “Até então todas as decisões eu tinha de tomar, então com a ajuda de alguns professores, conseguimos organizar um colegiado. Também a partir daí desenvolvemos as eleições, para que todos pudessem participar”.
O professor Haroldo Augusto Moreira (01/12-12/2014), também ex-diretor da Instituição, falou sobre o desenvolvimento da Universidade durante sua gestão. “Durante nossa gestão, começamos a desenvolver projetos para atender a necessidade da comunidade interna e externa, que nos levaram a muitas conquistas. Tivemos muito apoio da comunidade, a começar pelo Vestibular de Medicina, que nos deram apoio, colocando suas residências a disposição dos candidatos de fora que não tinham onde ficar, já que o município não conseguia comportar tantos interessados”. Ele ainda acrescentou: “eu tenho mais que agradecer a todos que vem ajudando na conquista da Universidade. Chegamos com muitas conquistas, e continuamos acreditando em seu potencial”.

A frente da Unioeste entre julho/dezembro de 2016, o professor Eduardo Nunes Jacondino, ressaltou a importância do evento. “O evento é muito importante porque marca uma data dos 17 anos do campus. O campus é relativamente novo/jovem, mas mesmo assim tem uma história bastante profícua. Pois eu lembro, que quando cheguei aqui nós tínhamos pouquíssimos cursos e como estou há 14 anos lembro de toda luta que o campus desenvolveu para trazermos novos cursos e expandir, tendo em vista que é uma das únicas intuições públicas da região sudoeste, além de nós, temos apenas a UTFPR que é uma instituição pulica da região.

A noite encerrou com a palavra do reitor da Universidade, Paulo Sérgio Wolff, que agradeceu a todos os envolvidos no processo de crescimento da Instituição. “Beltrão agregou para a Universidade, pois na época da Facibel a Universidade tinha apenas um doutorado e 30 cursos de graduação, mas hoje temos 50 mestrados e doutorados e mais de 60 cursos de graduação. Isso mostra o trabalho e dedicação de todos os profissionais envolvidos para o desenvolvimento da Unioeste”.


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