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ENERA aprofunda debate sobre Educação do Campo e Reforma Agrária

Centenas de educadoras e educadores de Escolas do Campo de todo o Paraná participam até sexta-feira (4/9) na Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), campus de Cascavel, do VII ENERA (Encontro Estadual das (os) Educadoras (es) da Reforma Agrária no Paraná). O evento, que iniciou nesta quarta-feira (2/9), tem como foco os trabalhos educativos e formativos nos acampamentos e assentamentos e o fortalecimento do ambiente de articulação entre trabalhadores da educação e a sociedade.
 
A professora Liliam Faria Porto Borges, Pró-Reitora de Graduação da Unioeste, deu as boas vindas aos participantes e destacou a interlocução da universidade com os movimentos sociais por meio da formação de educadores e dos projetos de extensão da instituição de ensino, além de destacar a proposta de educação como forma de humanização na busca transformar o homem a partir da apropriação de conhecimentos científicos. "A Unioeste sempre dialogou com o campo, particularmente com os setores de luta pela terra", lembrou.
 
A professora Salete Pires, da coordenação estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), ressalta o papel do ENERA no sentido da luta pela concretização da proposta pedagógica das escolas do campo. "A educação sempre foi prioridade nestes 31 anos do movimento, pois nossos jovens sempre foram privados do ensino. Nossos educandos são forjados dentro da perspectiva de luta de classe. É uma formação crítica, de trabalhadores com consciência de classe".
 
Salete, que foi educanda do EJA (Educação de Jovens e Adultos) e da primeira turma da Pedagogia da Terra, citou o número de escolas do campo fechadas no ano passado. Esse será um dos debates centrais dos três dias do encontro em Cascavel. "Somente em 2014 foram 70 escolas fechadas no Paraná, sendo 65 municipais e 5 estaduais".
 
Esse cenário de fechamento de escolas do campo está diretamente ligado ao avanço de setores conservadores da sociedade e da criminalização de movimentos sociais, como ressalta o professor e vereador Paulo Porto (PCdoB), um dos coordenadores do ENERA. "Esse evento acontece num momento difícil para o país, onde setores reacionários ganham força, uma ameaça conservadora daqueles que descontentes com os avanços sociais conquistados nos últimos anos", comentou.
 
O assessor de Assuntos Fundiários do Governo do Estado, Hamilton Serighelli, participou da abertura e destacou a unidade de forças em torno da reforma agrária. "Aqui dentro só tem um único partido, que é o partido da reforma agrária. Alguns não entendem o significado da reforma agrária e outros simplesmente agem de má fé. Há muita pressão, mas é preciso entender que reintegração de posse significa crianças, idosos e gente. Não resolvemos questão da reforma agrária com despejo e polícia. Trata-se de uma questão social e não policial".   
 
Para Nilton Bezerra, superintendente regional do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o avanço da educação do campo tem incomodando alguns setores elitistas da sociedade. "Alguns não se conformam com a inclusão e promoção da educação a quem antes não tinha acesso. Foi assim com as cotas, com nossos cursos especiais, com o PRONERA, com a parceria do INCRA com universidades. Isso significa emancipação da classe trabalhadora".  
 
Nos três dias do VII ENERA também será aprofundado o debate sobre o atual momento da educação pública no país, cada vez submetida a uma lógica mercantilizada ditada por grandes grupos financeiros e um momento de organizar coletivamente denúncias e mobilizações contra o fechamento das escolas do campo, como conseqüência direta da intervenção do agronegócio.
 
Texto e Foto: Júlio Carignano

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