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Audiência encerra com grande participação pública

Com o auditório cheio e olhos e ouvidos atentos aos depoimentos, muitos deles emocionantes, é que se encerrou no início da tarde desta sexta-feira (21), a primeira Audiência Pública da Comissão Estadual da Verdade realizada em Cascavel.

O evento, organizado pela Comissão Estadual da Verdade, Comitê Memória, Verdade e Justiça do Oeste do Paraná e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), foi realizado nestes dias 20 e 21 e contou com depoimentos de ex-militantes de movimentos contra a ditadura militar, familiares de pessoas envolvidas ou mortas por militares, camponeses e indígenas vítimas do regime militar. Depoimentos que fez com que a Comissão Estadual alcançasse seu real objetivo.

Olympio de Sá Sotto Maior Neto, membro da Comissão Estadual, explana o quanto a Audiência foi importante para entender o que houve na região Oeste e Sudeste do Estado nos anos de ditadura. Segundo ele, normalmente quando se fala nas graves violações aos direitos humanos, pensa-se naquilo que ocorreu apenas com os estudantes, com jornalistas e com  políticos. “Quase que invisível estavam as graves violações ocorridas com o homem do campo e os povos indígenas. A Audiência Pública trouxe à tona os depoimentos dos camponeses presos e torturados sem nem saber o porquê. E essa mágoa ou indignação esteve presente em quase todos os depoimentos”.

Os assuntos tratados em Audiência, revelam fatos sobre a repressão à Operação Três Passos, sobre a repressão aos Grupos dos Onze, violações contra os povos indígenas da região Oeste e Sudoeste e sobre a repressão às organizações de resistência armada como o Movimento Revolucionário 8 de Outubro e Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares.

O organizador do evento, Alfredo Batista, conta que essa foi uma experiência inédita na Unioeste, por conseguir levar personagens, filhos de pessoas envolvidas e os indígenas, que foram presos, torturados e violentados que relataram o que ainda era desconhecido pela população ali presente. “Surpreendeu-nos a presença do público de diferentes idades, diferentes vinculações, professores, estudantes, trabalhadores, os quais vão levar para casa um grande aprendizado da nossa história”.

A professora Carla Silva, do curso de História, do campus de Marechal Cândido Rondon da Unioeste, e organizadora do evento, fala sobre o resultado satisfatório da participação pública. “Estamos muito felizes com o resultado do nosso evento. Tivemos o auditório lotado, o que significa que aquela ideia que existe de que as pessoas não sabem, não têm interesse e todo mundo apoiava a ditadura no Brasil é totalmente equivocada. Percebemos que quando a gente propicia a possibilidade da informação, as pessoas vêm para buscá-la, tem sede disso, a necessidade disso, pois a verdade precisa vir à tona. Então esse evento serviu para darmos passos em sentido da verdade do que de fato aconteceu na ditadura”.

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