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Ala de Desintoxicação investe na ressocialização

A Ala de Desintoxicação do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop), implantada há sete anos, tem investido em atividades lúdicas, com os adolescentes internados para recuperação da dependência química. A inovação tem agradado e os resultados mostram-se satisfatórios.

As atividades de ressocialização tratam-se de passeios externos em parques, cinemas, caminhadas e visitas a eventos, todos em Cascavel. Desse modo, os adolescentes conseguem se distrair e amenizar a sensação de prisão, que eles mesmos confessam. “A gente se sente preso aqui e quando a gente sai pra passear, a sensação de estar livre é boa demais”, fala C.H.S. L, 17 anos. Para D.M, 14, os passeios são gostosos e bem aproveitados. “Quando saio fora do hospital, eu fico feliz e tenho saudade e vontade de voltar pra casa. Quando eu voltar quero estudar novamente, trabalhar e viver longe das drogas”, deseja.

A ideia em promover atividades lúdicas com os adolescentes, surgiu da enfermeira e coordenadora da Ala de Desintoxicação, Marlene Caldas Batista, quando em uma conversa com o capitão Antônio Shinda, da Defesa Civil de Cascavel, ele mostrou desejo de visitar a Ala e os meninos, como são carinhosamente chamados por Marlene. “Quando veio ao hospital, já chegou com o caminhão do Corpo de Bombeiros. Ele trouxe também as roupas usadas pelos bombeiros. Em outra oportunidade, os meninos, juntamente com a equipe de profissionais que atuam na Ala foram até o quartel para conhecerem a profissão efetiva de bombeiro”.

Antes de dar início às atividades externas, Marlene precisou preparar a equipe de profissionais da Ala de Desintoxicação. “Tivemos que começar preparar a equipe: enfermeiros, técnicos, assistentes sociais, enfim, todos os profissionais, para que percebessem a importância de novos afazeres com os adolescentes e a evolução com esse modelo de tratamento”, explica. Ela comenta também que com os passeios, foi possível “aliviar o peso” de ter que deixar os adolescentes presos dentro da Ala. “Não fica um internamento frio. Os passeios dão um tom de leveza, de liberdade à eles, pois estão aqui para se tratar e não para ficarem presos”, evidencia.

Evasão

Em consequência da implantação de passeios externos com os adolescentes em tratamento na Ala de Desintoxicação do Huop, o índice de evasão diminuiu consideravelmente, segundo relata a enfermeira e coordenadora da Ala, Marlene Caldas Batista. “De todas as atividades lúdicas que organizamos até o momento em nenhuma, os adolescentes tentaram se evadir., Isso tem nos deixado contentes, pois é sinal que nosso trabalho vem dando certo e agradado os meninos”.

Dos últimos quatro ciclos de desintoxicação, que duram em média 25 dias cada, somente dois adolescentes se evadiram do hospital, o que representa uma redução expressiva nas fugas dos mesmos, após a implantação das atividades externas.

Outras programações

A equipe de profissionais da Ala de Desintoxicação também realiza outros tipos de atividades com os adolescentes internados. Campeonatos de xadrez, gincanas, danças, pinturas e desenhos preenchem o tempo dos adolescentes. Além disso, eles também recebem frequentemente a visita das professoras do Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh), que aplicam conteúdos escolares no período que estão afastados da escola, devido ao tratamento.

Além dos estudos, os adolescentes têm outras importantes tarefas: a de visitar alas do hospital. “Levamos os meninos até a Ala Pediátrica, para que conheçam a realidade das crianças internadas. Sempre falamos, que as crianças estão lá, internadas, doentes, porque não tem controle da doença que as acometem, pelo contrário, eles (os adolescentes) que tem controle de vencer a dependência sem medo”, observa.

Apoio da família

Os adolescentes recebem visitas dos pais e familiares, todas às quartas-feiras, pela manhã. “Nesse dia, nós organizamos um grupo de pais, onde eles recebem atendimento individual da equipe de profissionais e depois com o grupo todo, para trocarem experiências e também se fortalecerem mutuamente”, comenta Marlene.

Marlene reforça a importância de continuar o tratamento químico, investindo em grupos de apoio, após o encerramento do ciclo no Huop. “Existem o Narcóticos Anônimos (NA) que é um caminho para dar continuidade a recuperação do jovem, além do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), ambos tem em Cascavel. É preciso ter força de vontade para vencer as drogas”, enfatiza.

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