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Unioeste tem mais um doutor

O professor José Kuiava obteve o título de Doutor pela Faculdade de Educação da Universidade de Campinas (Unicamp), no estado de São Paulo. Docente do curso de Pedagogia do Centro de Comunicação e Artes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Kuiava atua no Campus de Cascavel.

O professor defendeu tese intitulada Formação continuada de professores em Terras de Fronteiras - Oeste do Paraná - 1973-1992. A banca examinadora foi constituída por Gaudêncio Frigotto (URJR), Valdemir Miotello (UFSCAR), Maria Carolina Bovério Galzerani (Unicamp) e Guilherme do Val Toledo Prado (Unicamp) e como orientadora oficial: Corinta Maria Grisolia Geraldi e João Wanderley Geraldi como orientador não oficial.

Possuo graduação em Filosofia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1969), mestrado em Administração de Sistemas Educacionais pela Fundação Getúlio Vargas - RJ (1993). Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2012). Atualmente é professor titular da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional.
 

A tese

O trabalho apresentado pelo professor José Kuiava retoma ações de formação continuada de professores, no período de 1973 a 1992 no Oeste do Paraná, espaço e tempo das obras da hidrelétrica binacional de ITAIPU. Grande parte deste período histórico é o da ditadura militar brasileira. Narrativa histórica resultante da pesquisa e exame de documentação de arquivo, permeada de reflexões teóricas na forma de apontamentos.

Procurei preservar o sentido da historicidade pela indissociabilidade dos métodos de pesquisa e exposição das ações que foram organizadas, coordenadas e subsidiadas pelo Projeto Especial Multinacional de Educação Brasil, Paraguai, Uruguai-MEC/OEA. Originado no escritório da OEA em Washington, com a coordenação nacional em Brasília e a coordenação local em Foz do Iguaçu, o Projeto atuou no período de 1975 a 1983 atendendo pressuposto de que o empreendimento da Itaipu provocaria mudanças sociais imprevisíveis na região fronteiriça com o Paraguai e a Argentina, que as ações de intervenção deveriam amenizar. Para dar continuidade às ações, o Projeto foi o berço da Associação Educacional do Oeste do Paraná, Assoeste, em 1980.

Que, por sua vez, gestou e coordenou a criação da Unioeste. Nas frinchas do fechamento político-militar, havia espaços reais para uma vontade política contra hegemônica se imiscuir, sobrevivendo taticamente no jogo da correlação de forças, um jogo em ziguezague. Assim os dólares do Projeto traziam para a região professores de grandes centros universitários de oposição ao regime militar.

Nas ações aqui retomadas, três grandes frentes são consideradas: o enfrentamento com o sistema político, trabalhado de forma sub-reptícia, mas constante, chegando à formação de uma consciência ideológica de que os problemas de desenvolvimento social somente seriam resolvidos aglutinando forças regionais (e não de município a município); a produção capitalista, intensiva e mecanizada na lavoura, com suas consequências para o meio ambiente, a que a ideologia cooperativista não conseguiu fazer frente nem as ações de formação foram capazes de perceber a instrumentalização a que estavam submetidas; e por fim a intervenção nos processos escolares, pela formação continuada dos professores – tema deste trabalho – e pela produção de material didático, particularmente para a alfabetização e para a área de Estudos Sociais. Se o narrador deixa a seus ouvintes a faculdade de extrair os sentidos dos fenômenos narrados, o pesquisador parte da narrativa para a reflexão, com esta extrai do vivido lições que possam servir como balizas – jamais regras - de ações futuras.

Como as lições são sempre muitas, e variam segundo o contexto da escuta reflexiva da narrativa, o que as torna inumeráveis, apresento as seguintes lições: a) jogar em ziguezague obriga a considerar o outro lado, fato que obriga a negociações, e muitas das jogadas são demandadas e dirigidas pela parceria do jogo: faz-se uma aposta de que as sobras nos sejam mais benéficas para os pontos de vista defendidos, mas não se tem de antemão certeza dos resultados; b) a vulnerabilidade da estrutura: apesar de todo o fechamento político, do controle, da ordem, sempre por baixo das águas acalmadas um mundo se agita abrindo frinchas, por onde vazam outras possibilidades; c) o princípio da alteridade implica também aquele da insubstituibilidade dos sujeitos envolvidos: se outros fossem os sujeitos, outras seriam as ações e outras seriam as histórias; d) a incomensurabilidade das ações de intervenção pedagógica de que não se pode de antemão prever todos os seus resultados; e) os dólares de um organismo externo, embora tivessem um destino pré-estabelecido, foram condição necessária face ao financiamento à continuidade das ações táticas contra hegemônicas nos processos de formação; f) por fim, a narrativa mesmo em sua linearidade contem elementos para outras pesquisas: há outros sentidos possíveis inteiramente distintos.

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