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Cultura italiana é destaque em Cascavel

Os ítalo-brasileiros estão espalhados principalmente pelos estados do Sul e do Sudeste do país. Segundo estimativas da embaixada italiana no Brasil, em 2013, viviam no país cerca de 30 milhões de descendentes de italianos. Hoje, seria difícil numerar a quantidade de descendentes. Em Cascavel, cerca de 60% da população, segundo estudos, tem essa descendência. Sendo assim, cultivar a cultura é uma forma de conhecer as próprias raízes e/ou respeitar a cultura do outro. Por isso, cursos de italiano são oferecidos na cidade, para que descendentes aprendam a língua e conheçam um pouco da cultura dos próprios antepassados para que assim, a chama da italianidade não morra dentro de si, assim como para que a comunidade também entenda esse grupo com o qual convive.

Pensando em tudo isso, professores do curso de Letras Português/Italiano da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) vêm disseminando a cultura italiana na cidade não apenas com a graduação, mas também realizando cursos gratuitos para a comunidade externa, desde o público infantil e juvenil, até a terceira idade, assim como para professores.

Italiano na terceira idade

O Proliti (Projeto de Extensão da Língua Italiana para a Terceira Idade) começou no início de 2014. A professora doutora Benilde Socreppa Schultz, 66, percebeu que os idosos precisavam desenvolver algo que os deixassem em atividade. Para ela, além de possibilitar exercício cerebral, aprender outra língua é algo importante nessa faixa etária. “É uma forma de auxiliar no desenvolvimento da vida deles e poder ajudá-los a sair de casa para aprender algo novo ou relembrar as próprias raízes”, declara.

O aluno do Proliti, Januir Vieira Filho, 62, conta que começou a fazer o curso, pois sentia a necessidade de ter o conhecimento de mais uma língua. O que o motivou foi também a origem italiana e a possibilidade de fazer o curso gratuitamente. “Eu estou estudando italiano desde o início de 2014 e já aprendi muito. Consigo dialogar e assistir filmes. É bom falar outra língua”, revela, destacando que o avô materno chegou ao Brasil por volta de 1830, com o navio Cheribon, no porto de Santos. “Eu sou muito orgulhoso em ter uma família que lutou tanto para morar aqui. Conseguir aprender essa língua e estudar para conhecer essa cultura é fazer com que meus avós se eternizem dentro de mim”, declara.

A acadêmica do quarto ano de Letras Português/Italiano, Alessandra Santi Guarda, já foi professora voluntária do Proliti e conta que há um carinho e respeito muito grande nessa relação de aluno/professor. Ela explica que a brincadeira é fundamental para que o conhecimento seja repassado com êxito. “A interação e o aprendizado prático são fundamentais”, enfatiza.

A professora do Proliti, Cleci Guerra, 54, esclarece que o curso trabalha também com interpretação, leituras, músicas, textos jornalísticos, receitas culinárias, entre outros. “Trabalhar com esse grupo é maravilhoso e marcante. Estar aberta a mudanças, acatar sugestões e respeitar o ritmo do grupo está sendo muito edificante. A cooperação entre todos é constante, transformando a aula em um ponto de encontro e convivência”, diz.

Per bambini

O projeto de extensão Per Bambini teve início no ano de 2011, priorizando crianças de idade entre 3 e 12 anos. O curso é dividido em duas modalidades: Bambini Piccoli, para crianças não alfabetizadas, de três a seis anos; e Per Bambini, que atende crianças entre sete e 12 anos.

A acadêmica de Letras Português/Italiano, e professora voluntária, Aline de Quadro Gonçalves, está à frente do projeto há dois anos e revela que trabalhar com crianças é um desafio muito grande, pois se deve ter um senso prático, no qual tudo tem de ser rápido. “Os pequenos levam bastante tempo para realizar as atividades, mas fazem tudo com a maior dedicação. Eles estão ali por gostarem de ter esse contato com outra língua, saber sobre outra cultura ou até reconhecer características culturais de familiares e conhecidos de origem italiana. Lidar com a curiosidade delas também é bem diferente. I bambini sempre querem saber mais, o que faz com que sempre aprendamos mais”, enfatiza Aline que ministra as aulas junto com Alessandra Santi Guarda, Gabriel Bonatto, Martina Dutra e Odete Tasca.

Alessandra revela que as crianças precisam aprender com brincadeiras, com amor. “Eles são muito agitados, então precisamos ensinar de forma diferente daquela ensinada a adultos”, enfatiza a jovem.

Italiano para alunos de escolas municipais

A Unioeste, em parceria com a prefeitura de Cascavel, disponibilizará vagas para incluir alunos de escolas municipais no projeto de aprendizagem. Espera-se que as aulas iniciem no próximo ano. Nesse momento, mais de 120 alunos da rede municipal de ensino cascavelense já se inscreveram no projeto e aguardam a assinatura do secretário de Educação para que possam começar a frequentar as aulas.

Gruppo di studio para mais qualidade de ensino

A partir da formação de novos professores na graduação de Letras Português/Italiano, cursos desse idioma são promovidos em diversos cantos da cidade. Além de escolas particulares oferecerem, o curso dessa língua é oferecido no Celem (Centro de Ensino de Línguas Estrangeiras Modernas) em diversas escolas estaduais tais como Jardim Consolata, São Cristóvão, Olinda Truffa de Carvalho, Jardim Santa Felicidade, Padre Carmelo Perrone e Wilson Joffre, gratuitamente.

Pensando em melhorar a qualidade do ensino de italiano na cidade, a docente doutora Rosemary Zanette oferece grupos de estudo. “No ano de 2015 realizei duas vezes o curso de extensão Gruppo di studio sulla didattica dell’italiano”, conta, explicando que o público-alvo são professores de italiano formados, que trabalham em cursos na cidade de Cascavel e região. Em 2015, além dos docentes que atuam nos cursos do Celem, que acontecem nas escolas públicas do Paraná, participaram também professores que ministram aulas particulares e que trabalham em escolas de idiomas.

O curso teve início após o governo encerrar a capacitação para os professores de línguas, sendo que existe uma necessidade de suporte para os docentes. “A graduação introduz o profissional na carreira, mas não é o suficiente. Todas as áreas do conhecimento estão em constante renovação. A educação também precisa ser sempre repensada e atualizada”, analisa Rosemary.

O grupo discutiu temas importantes de ensino, além de questões pedagógicas, promovendo troca de experiência e colocando os desafios diários em pauta para melhorá-los e ter um ensino de qualidade.

Para a professora Nilceia Limanski, que dá aulas de italiano há oito anos no Celem, foi importante ter participado do grupo de estudo de língua italiana, “por ser uma oportunidade única para compartilhar experiências, vislumbrar diferentes perspectivas e aprimorar conhecimentos”. Para a docente, que leciona atualmente em seis turmas de três colégios públicos no município de Cascavel, Jardim Consolata, São Cristóvão e Olinda Truffa de Carvalho, toda iniciativa de formação é sempre bem-vinda na carreira do professor.

Os cursos do Celem, segundo Nilceia, são importantes, pois valorizam a cultura dos imigrantes e seus descendentes, enquanto possibilidade de aprendizado de língua estrangeira com base nas demandas socioculturais de uma sociedade globalizada.

Il bel paese: l’Italia da nord a sud

O curso Il bel paese: l’Italia da nord a sud, que ocorreu em 2014 e em 2015, tratou sobre as regiões do país europeu. O projeto tem o intuito de levar conhecimentos culturais sobre a Itália para alunos da comunidade interna e externa que entendam o idioma. Segundo a coordenadora do curso, professora Rosemary Zanette, o objetivo é tratar de alguns aspectos culturais das regiões italianas, além de proporcionar mais um contato com a língua em ambientes regulares de ensino. “É importante conhecer aspectos geográficos, econômicos, turísticos, gastronômicos, linguísticos, entre outros para que se compreenda uma cultura de fato”, observa Rosemary.

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